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Espiral Negativa

fermanabe

PARTE 2


Passado engavetado (?)

A única intenção de reviver um momento sombrio é porque ele foi mais um daqueles divisores d'água no meu roteiro. Deixou marcas que não precisam ter mais o mesmo significado doloroso ao relembrá-lo. Me apegar a ele pode causar depressão crônica. Então, apenas escrevo para ilustrar um trecho do meu caminho que levou a uma das três estradas.

Eu, por muito tempo, decidi ser apenas condescendente com as narrativas que se apresentavam diante de mim. Abria espaço apenas para a imaginação sem ação. Preferia os sonhos e as visualizações sem concretizá-las no mundo físico. E deixava para os outros me ditarem como deveria ser e acontecer; qual era a estrutura de texto mais segura. Porque queria me encaixar, viver no padrão social para não desagradar ninguém. E, convenhamos, ao mesmo tempo não queria nada disso. Por isso, todo esse confronto interno me trouxe uma grande estagnação na vida.

Quando pequena, vi que minha espontaneidade ou apenas meu jeito de ser incomodava, e eu não queria ser causa de nada, não queria que minhas facilidades e privilégios atrapalhassem a felicidade dos outros. Que doideira uma criança pensar nisso. Mas até então, tudo bem. Eu ainda seguia positiva e fluindo com a vida. Mas, fui dando cada vez mais atenção aos barulhos externos e ouvindo uma voz interna de que eu não era merecedora de nada na minha vida, podando algumas habilidades para ficar cada vez mais invisível. Para meu desespero, chegou a adolescência!🏃‍♀️

Infelizmente, eu não soube lidar com a insegurança e a baixa autoestima. Ao tentar passar cada vez mais despercebida, me fechava numa bolha de vidro; desperdiçava oportunidades e dava brecha para a apatia e os pensamentos suicidas. Minha sorte foi o amparo de anjos encarnados, guias e mentores espirituais; talvez até a culpa de deixar a família que tanto me apoia e zela por mim.



Acredito que devo citar como foi meu modo de autossabotagem: a visão fica tão limitada; o sorriso, forçado; a vergonha e a autocrítica se intensificam; vícios surgem; cansaço mental e desprezo por si e pela humanidade. Cheguei num estado em que não conseguia produzir nada – até coisas que eu tinha facilidade ou o prazer de fazer foram rabiscados e apagados com corretivo.


Não cheguei a procurar ajuda psiquiátrica (acho que não é o recomendado). Como uma atriz revestida de máscaras – juro, não faço por mal e algumas vezes vai no automático –, não demonstrava tanto meu vazio interior quando estava à vista das pessoas. As de pouco convívio mal percebiam, porque a Fernanda estava sempre sorrindo e tratando os outros bem. Os de maior convívio e pouca intimidade, não sei 🤪 uma vez ou outra, eu tirava as máscaras e alguns vinham conversar. Os parentes mais próximos talvez achassem que fosse esgotamento dos estudos, tinham receio de falar algo por achar que estavam se intrometendo demais. Alguns amigos achavam que eu era dramática ou consumia drogas ou nem percebiam nada (sei disso pelas falas deles naqueles tempos, e por mencionar esse meu lado depois de alguns anos, alguns falavam que não faziam ideia).

Só uma ressalva: eu não consumia nenhuma droga – na época, nem bebida alcoólica.


E, então, todos os meus sonhos e planos ficaram espalhados pelo espaço – muitos já até rasgados. Quando os latentes se reacendiam, no primeiro bloqueio da esperança de por em ação, eu me paralisava de novo. Aí minha mente começava a entrar na infinita espiral, me menosprezando ao comparar com os outros, principalmente com os mais necessitados. Porque, sim, eu sei que minha realidade é recheada de privilégios (talvez créditos de outras vidas; não sei). Isso só me fazia sentir que estava em estado vegetativo.

Diminuir minhas dores por compará-las não ajuda em nada. Ainda mais se não houver ação para mudar essa ressonância. A questão é que eu estava presa nos sofrimentos. Ao invés de acolher e curar minha criança interior, eu a repreendia mais ainda. Que maldade. Temos que ser bondosos tanto com os outros quanto com nós mesmos.

É como fomos acostumados há milhares de anos; olhar apenas para a dor e deixar de aprender pelo amor. Mas, calma, a espiritualidade não te abandona e algum chacoalhão vai fazer você sair dessa zona de conforto – que de conforto não tem nada.

Caso tenha se identificado em alguma parte, saiba que você nunca está sozinho.

Respire profundamente por um momento. Abra seu coração para uma outra perspectiva.

Pode ser que encontre alguma passagem com Luz intensa, emanando clareza e amorosidade.

Fique bem.

-fermanabe

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